Microeconomia
II.MICROECONOMIA
2.1. PRINCIPAIS REGIMES DE MERCADO
Existem basicamente 4 estruturas de mercado, quais sejam : Concorrência Perfeita ,
Monopólio , Oligopólio e Concorrência Monopolística.
2.1.1. Concorrência Perfeita
Um mercado de concorrência perfeita possui as seguintes características :
. Número grande de empresas produtoras e de compradores , agindo de forma independente ,
de tal maneira que nenhum deles tenha condições ou poder suficiente para influir na oferta, na
demanda e nos preços de equilíbrio;
. Semelhança nos produtos vendidos pelas empresas produtoras , de tal modo que o
consumidor seja indiferente entre adquirir o produto da firma X , Y ou Z ;
. As empresas entram e saem do mercado livremente , ou seja, não existem impecilhos ou
barreiras para a entrada de novas firmas no mercado ou saída de firmas existentes do
mercado;
. Dada a padronização dos produtos e dado o número elevado de vendedores e compradores,
o preço é o elemento essencial na competição pelos clientes. As empresas são tomadoras de
preços, ou seja , elas não tem condições de impor preços no mercado.
Os produtos agrícolas e as feiras de produtos hortigrangeiros são exemplos típícos da
concorrência perfeita.
2.1.2. Monopólio
O monopólio é um regime de mercado oposto à concorrência perfeita. Suas principais
características são as seguintes :
. Existe apenas uma empresa no mercado, dominando completamente a oferta do setor;
. Não existem produtos substitutos para o produto vendido pelo monopolista , de tal forma que
os compradores não possuem outras opções de compra;
. Existem barreiras à entrada ou dificuldades de ingresso de outras empresas no mercado , o que
faz com que não haja concorrentes e o monopolista domine completamente o mercado;
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. O monopolista tem poder de mercado , ou seja, ele tem capacidade de influir nos preços e no
abastecimento do mercado, pois controla a produção ;
. Por dominarem os mercados, os monopólios raramente se utilizam do marketing e a
propaganda tem outras finalidades;
. Os monopólios surgem porque certos recursos são propriedade de uma única empresa ou
porque o governo concede à determinada empresa a exclusividade na produção de certo bem ou
serviço .
A produção de diamantes De Beers na Africa do Sul , que detém 80% da produção
mundial de diamantes, é um exemplo de monopólio de uma empresa privada que tem a maior
parcela da propriedade de um recurso . Por outro lado, atividades ligadas à prospecção de
petróleo são exemplos de monopólios criados pelo governo, visando o interesse nacional.
Muitas vezes, existe também o monopólio natural , ou seja, uma única empresa pode
oferecer um produto ou serviço para o mercado inteiro por um custo menor do que duas ou
mais empresas . É o caso de empresas de distribuição de água, onde não compensa duas
empresas investirem em rede de encanamento na cidade inteira.
2.1.3. Oligopólio
O oligopólio é um caso intermediário de regime de mercado. Suas características mais
marcantes são:
. Há apenas poucos vendedores, que suprem 80 a 90% do produto;
. A empresa oligopolista pode produzir tanto produtos padronizados, como é o caso das
atividades de mineração, como produtos diferenciados, como é o caso dos automóveis;
. Como são poucas empresas produtoras, o controle sobre o preço do produto é grande ,
havendo possibilidades de acordos, conluios e formação de cartéis, agindo, assim , de forma
combinada. Ressalta-se que quando um cartel é formado, é como se ele passasse a agir com
todos os poderes de um monopólio.
Os mercados de bolas de tênis e de automóveis são exemplos de oligopólios. O setor
de petróleo cru também é tido como oligopolista, pois poucos países produtores de petróleo
controlam a oferta mundial do produto.
2.1.4. Concorrência Monopolística
É um regime de mercado também intermediário , com algumas características de
concorrência e outras de monopólio, como se vê a seguir :
. Existem muitas empresas concorrendo pelos mesmos consumidores; 12
. Há diferenciação de produtos, com cada empresa oferecendo um produto ligeiramente
diferente dos demais;
. Existe livre entrada e saída no mercado , sem qualquer restrição para as empresas;
. Há certo controle de preço, dependendo da diferenciação do produto.
O mercado de livros, de discos, de restaurantes e barzinhos são exemplos de
concorrência monopolística. Um livro é um livro, mas um livro de Jorge Amado não substitui
um outro de Paul Krugman. O mesmo acontece com os discos; se o consumidor aprecia música
clássica,ele não substitui facilmente um disco de Mozart por um disco de Djavan.
Pode-se concluir , assim , que não existe um tipo único de mercado, existem vários. Alguns
deles tem características mais próximas da concorrência perfeita, outros de monopólio,
oligopólio ou concorrência monopolística.
2.2. TEORIA DA DEMANDA E DA OFERTA
A demanda e a oferta são as principais forças do sistema de mercado . A demanda está
intimamente ligada aos compradores do mercado e a oferta está fortemente associada aos
vendedores.
2.2.1. Lei da Demanda
Tudo o mais permanecendo constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade
demandada aumenta. Em outras palavras, preço e quantidade demandada são inversamente
relacionados.
Figura 1. Curva de Demanda
2.2.2. Bens Normais e Inferiores
Tudo o mais permanecendo constante, quando a renda aumenta, a quantidade demandada
do bem normal aumenta. Quando a renda cai, por outro lado, a quantidade demandada do bem
normal cai. As roupas e sapatos podem ser exemplos de bens normais.
Tudo o mais permanecendo constante, quando a renda aumenta, a quantidade demandada
cai. Ou, por outro lado, se a renda cai, a quantidade demandada aumenta. As passagens de
ônibus são exemplos de bens inferiores.
2.2.3. Bens Substitutos e Complementares
Bens substitutos são aqueles em que a elevação no preço de um bem acarreta uma
maior demanda pelo outro. Um exemplo é a manteiga e a margarina. Se o preço da manteiga
aumenta, a quantidade demandada de manteiga cai e a demanda da margarina aumenta.
Os bens complementares referem-se a dois bens em que a elevação no preço de um
deles acarreta uma redução na demanda do outro. Um possível exemplo seria o computador e
os softwares; se o preço do computador aumentar, a quantidade demandada de computadores
cai e a demanda por softwares diminui.
2.2.4. Fatores que Afetam a Demanda
Existem vários fatores que afetam a demanda, os principais são:
a) Preço do bem: se o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada desse bem
cai. Ressalta-se que variações no preço geram mudanças ao longo da curva de
demanda;
b) Renda: quanto maior a renda, maior a demanda pelo bem X,pressupondo que esse
bem é normal;
c) Preço do bem substituto: quanto maior o preço de um bem substituto a X, maior a
demanda pelo bem X;
d) Preço dos bens complementares: quanto maior o preço do bem complementar a X,
menor a demanda pelo bem X;
e) Gostos e preferências: quanto maior a preferência do consumidor pelo bem X, maior
a demanda por X;
f) Expectativas de variáveis econômicas: se há expectativa de que a inflação vai
aumentar,por exemplo,a demanda pelo bem X aumenta. Se, por exemplo , espera-se
um aumento de renda para o mês que vem, o consumidor pode aumentar sua
demanda agora.
2.2.5. Demandas Individuais e Demanda de Mercado
A demanda de mercado corresponde ao somatório das demandas individuais. Por
exemplo, a demanda de mercado por chocolate é igual à soma de todas as demandas
individuais por chocolate.
Suponha, por exemplo, que o mercado de chocolate seja composto pela demanda de
João e Maria e que, à diferentes preços da barra de chocolate(Pc), as quantidades
demandadas deles(Qj e Qm) variem, como a seguir:
Pc Qj Qm Dmercado
____ ____ ____ ______
0 10 5 15
2 5 3 8
4 2,5 2 4,5
Nesse exemplo simples, vê-se que a demanda de mercado corresponde à demanda de
Maria mais a demanda de João.
2.2.6. Lei da Oferta
A lei da oferta diz que quanto maior o preço de um bem , ceteris paribus, maior a
quantidade ofertada desse bem.
Figura 2. Curva de Oferta
2.2.7. Fatores que Afetam a Oferta
Vários são os fatores que afetam a oferta de um bem:
a) Preço do produto: se o preço do produto aumenta, a quantidade ofertada dele aumenta.
Ressalta-se que variações no preço geram mudanças ao longo da curva de oferta.
b) Preço dos insumos usados na produção do bem : se o preço de um insumo aumenta, o custo
de produção do produto aumenta e a oferta cai. Se, por exemplo, o preço das sementes de
milho aumentam, o agricultor diminui a sua plantação de milho e a oferta de milho cai.
c) Tecnologia: os desenvolvimentos tecnológicos atuam positivamente na oferta do produto.
Uma empresa copiadora,por exemplo, aumenta substancialmente sua oferta de xerox
quando novas máquinas de xerox ,tecnologicamenete mais sofisticadas, são utilizadas .
d) Expectativas: as expectativas acerca das variáveis econômicas também influem no lado da
oferta. Se, por exemplo, o produtor de milho tem expectativas de que o preço de seu
produto vai aumentar no futuro, ele estoca sua produção ,com o objetivo de vende-la
posteriormente, e a oferta de milho atual cai.
2.2.8. Ofertas Individuais e de Mercado
A oferta de mercado corresponde ao somatório de todas as ofertas individuais. Suponha,
por exemplo, que somente duas lojas de livros , lojas A e B, sejam responsáveis pelo
abastecimento de livros no mercado como um todo. A oferta de mercado e´, então, a
soma das ofertas individuais das lojas A e B , como pode ser visto abaixo:
Plivro QlojaA Qloja B S mercado
_____ ______ ______ ________
0 0 0 0
2 1 0 1
3 2 1 3
2.2.9. Equilíbrio e Desequilíbrio
Existe equilíbrio de mercado sempre que a oferta e a demanda se cruzam. As
quantidades que os compradores querem adquirir no mercado correspondem exatamente às
quantidades que os vendedores querem ofertar. Por outro lado, há desequilíbrio quando existe
excesso de demanda ou excesso de oferta.
Figura 3. Situações de Equilíbrio e Desequilíbrio no Mercado
A situação de equilíbrio é única, ou seja , ela acontece quando a oferta e a demanda se
interceptam. Uma possível situação de desequilíbrio refere-se ao excesso de demanda,quando a
demanda por um bem é superior à capacidade de oferta daquele bem; nessas circunstâncias, a
quantidade demandada é maior que a quantidade ofertada do bem. Outra situação de
desequilíbrio ocorre quando a capacidade de oferta de um bem é superior aos anseios de
demanda por esse bem; nesse caso, a quantidade ofertada do bem é maior que a quantidade
demandada do mesmo.
2.2.10. Elasticidade Preço da Demanda
O preço de um bem é o principal fator que afeta a quantidade demandada desse bem.
No entanto, o impacto do preço na demanda do bem pode ser diferente,dependendo do bem em
questão. A elasticidade preço da demanda é o conceito econômico que capta o impacto do
preço na quantidade demandada.
Diz-se que um bem é elástico se a quantidade demandada do mesmo responde muito
a qualquer variação no preço. Se, por outro lado, a quantidade demandada é pouco sensível à
uma variação de preço, diz-se que o bem é inelástico.
Matematicamente, a elasticidade preço da demanda é definida como:
Ep = %Qd ( 1 )
% P
Vários fatores podem fazer com que um bem seja mais elástico que outro, como por
exemplo:
Um produto mais básico tem demanda relativamente inelástica, enquanto produtos
supérfluos tem demanda mais elástica. Ou seja, um aumento no preço do feijão gera menos
impacto na quantidade demandada de feijão , enquanto um aumento no preço de uma jóia
acarreta mais facilmente uma diminuição na demanda por jóias.
Produtos com mais substitutos também possuem a tendência de serem mais elásticos,
por serem mais fáceis de serem trocados por outros. O requeijão é, provavelmente , menos
elástico que a manteiga, que pode ser substituida pela margarina.
O horizonte de tempo também influencia na elasticidade dos bens. Um produto como a
gasolina, por exemplo, quando tem seu preço aumentado , não gera respostas imediatas. É até
provável que a demanda não caia muito nos meses iniciais. Com o tempo, no entanto, os
consumidores procurarão alternativas, como carro a álcool ou utilização de transporte coletivo.
No curto prazo, a gasolina é um produto relativamente inelástico, enquanto no longo prazo ela é
mais elástica.
Uma curva de demanda mais elástica tem menor inclinação, de tal forma que uma queda
no preço do bem acarreta um grande aumento na quantidade demandada. Por outro lado, uma
curva de demanda inelástica tem maior inclinação, pois uma diminuição no preço gera um
pequeno impacto na quantidade demandada.
2.2.11. Elasticidade Preço da Oferta
A elasticidade preço da oferta mensura o quanto a quantidade ofertada varia quando há
uma variação no preço do produto.Ela é elástica se a quantidade ofertada modifica muito em
função de uma variação no preço . Ela é inelástica caso a quantidade ofertada responda pouco a
uma variação no preço.
O horizonte de tempo também influencia a elasticidade preço da oferta. A oferta tende a
ser mais elástica no longo prazo que no curto prazo, dado que, com pouco tempo, é mais difícil
alterar a quantidade ofertada de um bem. Mas, com mais tempo, pode-se expandir a fábrica ou
construir novas instalações.
Finalizando, vê-se que os conceitos básicos da Microeconomia são demanda, oferta e
elasticidade. O sistema de mercado, vigente nos países com regime capitalista, respalda-se
fortemente na busca contínua do equilíbrio entre oferta e demanda , nem sempre alcançado.
CONCEITOS CHAVES
Concorrência Perfeita
Monopólio
Oligopólio
Concorrência Monopolística
Tomador de Preço
Poder de Mercado
Monopólio Natural
Cartel
Demanda
Bens Normais
Bens Inferiores
Bens Substitutos
Bens Complementares
Demanda Individual
Demanda de Mercado
Oferta
Ceteris Paribus
Oferta Individual
Oferta de Mercado
Equilíbrio
Desequilíbrio
Excesso de Demanda
Excesso de Oferta
Elasticidade
Elasticidade Preço da Demanda
Elasticidade Preço da Oferta
Bem Elástico
Bem Inelástico