Indicadores Econômicos

26-07-2011 23:26

 

  Indicadores econômicos

 

 

 PIB ou PNB?

 

Uma das confusões em torno do PIB é a que mistura taxas trimestrais de crescimento, divulgadas periodicamente pelo IBGE com taxas anuais. A taxa trimestral mede o crescimento do PIB num trimestre em relação ao trimestre anterior e se constitui na medida mais aproximada de velocidade corrente de crescimento do PIB. Essa taxa é anualizada, ou seja, indica o quanto o PIB cresceria no ano todo se sua velocidade de expansão continuasse a mesma. Para se evitar confusões no tratamento das variações do PIB deve-se sempre tomar a base inicial da medida como 100, e aplicar sobre ela os índices de crescimento divulgados. Isso permite visualizar corretamente o fenômeno em curso.

 

Outra confusão se dá entre os conceitos de Produto Interno Bruto - PIB e Produto Nacional Bruto - PNB. Nos Estados Unidos, o conceito preferido é o de PNB, e por isso ele aparece nos principais livros de macroeconomia. Na Grã Bretanha e no Brasil , é mais usado o PIB.

 

O PIB é o valor de toda a produção de bens e serviços ocorrida dentro das fronteiras do país, sem considerar a nacionalidade dos que se apropriaram dessas rendas, sem descontar rendas eventualmente enviadas ao exterior e sem considerar as recebidas do exterior, daí o qualificativo de "interno."

 

O PNB considera as rendas recebidas do exterior por nacionais do país e desconta as que foram apropriadas por nacionais de outros países, daí o qualificativo "nacional."

 

No caso do Brasil, o PNB é menor do que o PIB porque uma parcela da ordem de 3% do PIB brasileiro não é usufruída por brasileiros e sim enviada ao exterior na forma de lucros, dividendos e juros do capital estrangeiro. Assim, a renda interna bruta é de fato menor do que PIB. Nos Estados Unidos, ao contrário, o PNB é maior do que PIB porque as rendas obtidas pelas empresas americanas no exterior e enviadas aos Estados Unidos na forma de remessa de lucros e dividendos, são consideradas parte do PNB americano. Portanto: O PIB, descontado dessa renda enviada ao exterior, ou somado à renda recebida do exterior é chamado PNB. O conceito de PNB, por esse motivo, está mais próximo ao conceito de Renda Nacional. O Produto Nacional Bruto, descontadas as perdas por depreciação, é exatamente igual à Renda Nacional Líquida. Assim:

 

 

PIB

 

- Renda enviada ao exterior + Renda recebida do exterior = PNB

 

- Depreciação

= Produto Nacional Líquido = Renda Nacional Liquida.

Renda Nacional Líquida/População = renda per capita.

Obs. do nosso Conselheiro Econômico:

 

Sugiro ajustar um detalhe: o exemplo utilizado para ressaltar uma eventual dissonância entre PNB e PIB refere-se a um tempo passado. Agora, o Brasil tem saldo em conta-corrente e os Estados Unidos, déficit. A situação de ambos, portanto, está invertida em relação ao citado, que correspondia aos fatos dominantes até a virada do século.

 

Indicadores de Conjuntura

 

São poucos e precários os indicadores de conjuntura econômica no Brasil. Eis os principais:

 

DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE):

 

·         Pesquisa industrial mensal: Mede a produção física acompanhando cerca de 700 produtos em 5 mil empresas com o que elabora quatro índices: a variação da produção do mês em relação ao mes anterior, e em relação ao mesmo mês do ano anterior; a variação da produção acumulada nos últimos 12 meses em relação a 12 meses anteriores, e a acumulada no ano, em relação ao mesmo período no ano anterior. Os índices são específicos por setores industriais (indústria da borracha, vestuário, veículos, etc), e por tipos de bens: bens de capital, bens intermediáris, bens de consumo duráveis e os não duráveis. Os indicadores do IBGE ressentem-se da pequena amostragem, da não inclusão de serviços e da não atualização frequente da amostragem em função da mudança do perfil produtivo do país.

 

·         Pesquisa mensal do comércio: Indicador iniciado em 1995, alcançando apenas mil establecimentos na região do Rio de Janeiro. Acompanha vendas, emprego e massa salarial no comércio.

 

DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV):

 

·         Sondagem Conjuntural: Afere a cada três meses a taxa de utilização, níveis de produção, emprego e intenções de investimento de 1440 empresas em dez segmentos da economia.

 

DA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP):

 

Nível de Atividade Industrial: É divulgado na última quarta-feira do mês seguinte ao mês aferido, a partir de questionários respondidos por cerca de 700 indústrias que representam 30 por cento da produção industrial do Trata-se de um índice composto, pelos índices de variação mensal dos seguintes dados: total de pessoal ocupado pelas empresas;total de horas pagas; total de horas trabalhadas na produção;totalde salários reais (deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor da FIPE); salário médio real; total de venda reais (deflacionadas pelo Índice de Preços ao Atacado da FGV); utilização da capacidade instalada.

 

DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS (CNI):

 

·         Indicador de Atividade na Indústria de Transformação: Levantado mês a mês, em âmbito nacional, com a variação do valor das vendas reais, pessoal empregado, horas trabalhadas na produção, total de salários pagos e ocupação da capacidade instalada.

 

OUTROS INDICADORES:

 

Investimentos: Investimentos em bens de produção são melhor termômetro precursor da atividade econômica, de grande visibilidade, pelo seguinte mecanismo: em regime de produção invariante, empresários apenas repõe equipamento, na proporção do desgaste regular estimado em 10 por cento do capital produtivo existente; se a produção sobe, digamos 10 por cento, além da reposição normal, empresários ampliam seus equipamentos. Mesmo se os ampliarem em apenas 3 por cento, as compras de equipamentos se expandem em 30 por cento (dos 10 por cento do estoque, para 13 por cento do estoque). No sentido inverso, quedas na produção levam ao adiamentos mais do que proporcioais nas reposições de bens de capital. É possivel inferir o ritmo de investimentos, pelo volume de contratos de financiamentos de bens de capital do programa FINAME, do Banco Nacional de Desenvovimento Econômico e Social, uma das principais fontes de financiamentos de bens de capital.

 

Índices de comércio: A Associação Comercial de São Paulo divulga agregados de comércio e de pagamentos que indicam a se está havendo melhoria ou deterioração no volume e qualidade das vendas: número de falências e concordatas requeridas e decretadas, volume de títulos protestados na capital, por setor de comércio, volume de consultas aos serviço de proteção ao crédito. Os indicadors tem que ser interpretados. Pode haver aumento no número de concordatas requeridas devido às frequentes mudanças na lei de falência ou outras leis, e não em decorrencia de uma crise.

 

A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica), ligada à USP, criou um indicador composto precursor da atividdade econômica de validade discutível, que se vale de dados acessíveis e de compilação rápida ligados à movimentação de pessoas e mercadoria: variação no número de passageiros nos ônibus urbanos e no metrô, consumo de energia elétrica e combustíveis, consultas ao crédito; número de passageiros embarcados no aeroporto de Cumbica e terminal rodoviário.

 

Principais Índices de Inflação

 

·         Indice Geral de Preços do IBGE (IGP)

 

Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês corrente, coletados em 18 capitais. Há três grupos de preços: os de produtos no atacado, baseado numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com 60 por cento de peso no índice final; os de preços ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, entra com 30 por cento; preços da construção civil, com 10 por cento de peso, baseado em planilhas de custo de empresas de engenharia. Um dos menos precisos índices, justamente pela sua abrangência, num quadro muito dispersivo de inflação. É divulgado em duas versões uma contendo apenas os preços do que é produzido internamente, (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de importações.

 

·         Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da FGV

 

Criado a pedido da Federação dos Bancos com uma cláusula que impede sua modificação pelo governo, tinha como função, servir de corretor de contratos bancários aplicável já no dia 30 do mês em curso. É o primeiro a ser divulgado e tem como base os mesmos preços e a mesma ponderação do IGP, mas do dia 20 do mês anterior ao 20 do mês em questão.

 

·         Índice Quadrissemanal de Preços ao Consumidor da FIPE

 

Típico de uma economia hiper-inflacionária, é publicado toda semana, com a variação dos preços das quatro semanas anteriores. Restringe-se ao município de São Paulo e afere o custo de vida de famílias com renda de 2 a 6 salários mínimos. Calcula os preços médios durante quatro semanas e divide pela mesma média de quatro semanas anteriores. Trata-se portanto, de uma medida rápida das tendências de base dos preços. No índice FIPE a comida pesa 37 por cento do custo de vida das pessoas e a habitação 18 por cento.

 

·         Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE.

 

Para rendas de 1-8 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a 1986.

 

·         Índice de Preços ao Consumidor (IPC)

 

Sucedeu ao INPC como índice oficial, até 1990 e difere apenas no período de coleta dos preços.

 

·         Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) IBGE

 

Para rendas até quarenta salários mínimos.

 

·         Índices de Custo de Vida do DIEESE

 

Para três classes de renda, 1-3 salários mínimos, 1-5 e 1-30. Este índice se distingue dos demais por incluir como itens essenciais do custo de vida, despesas com recreação, comunicação, cultura e lazer.

 

·         Índice da Cesta Básica (PROCON/DIEESE)

 

Pesquisado em 70 super-mercados em São Paulo, engloba 31 produtos essenciais para famílias com renda até 10,3 salários mínimos; mede a variação ponta a ponta.